Segurança em APIs REST: uma visão geral

As APIs REST (Representational State Transfer) são amplamente utilizadas para facilitar a comunicação entre diferentes sistemas e serviços na web. Elas permitem que aplicativos interajam uns com os outros através de uma série de endpoints bem definidos, utilizando métodos HTTP (GET, POST, PUT, DELETE, etc.). No entanto, devido à sua natureza aberta e muitas vezes pública, as APIs REST são alvos frequentes de ataques cibernéticos. A segurança de APIs REST é, portanto, uma preocupação crítica para qualquer organização que as utilize.

Injeção de SQL

A injeção de SQL é um dos ataques mais comuns e perigosos contra APIs REST. Este tipo de ataque ocorre quando um atacante insere código SQL malicioso em uma consulta, explorando falhas na sanitização de entradas. Para mitigar este risco, é fundamental utilizar consultas parametrizadas e preparar instruções SQL, garantindo que os dados fornecidos pelos usuários não possam alterar a estrutura das consultas SQL.

Ataques DoS e DDoS

Ataques de Negação de Serviço (DoS) e Negação Distribuída de Serviço (DDoS) visam sobrecarregar a API com um volume excessivo de requisições, tornando-a indisponível para usuários legítimos. Para se proteger contra esses ataques, é importante implementar limites de taxa (rate limiting) e controle de acesso baseado em IP, além de utilizar soluções de mitigação de DDoS oferecidas por provedores de infraestrutura.

As 10 Vulnerabilidades Mais Comuns de APIs da OWASP

A Open Web Application Security Project (OWASP) lista as 10 vulnerabilidades mais comuns em APIs, que incluem em levantamento de 2023:

  1. Broken Object Level Authorization: Falhas na autorização que permitem acesso não autorizado a objetos.

  2. Broken Authentication: Autenticação inadequada que permite a invasão de contas.

  3. Broken Object Property Level Authorization: Exposição de dados em excesso, incluindo informações sensíveis e a possibilidade de manipulação de tais dados.

  4. Unrestricted Resource Consumption: Uso de APIs sem restrições e até a exaustão de recursos, resultando em degradação de performance ou indisponibilidade.

  5. Broken Function Level Authorization: Falhas na autorização de funções que permitem operações não autorizadas (alterações, exclusões...).

  6. Unrestricted Access to Sensitive Business Flows: Ataques direcionados a APIs que fazem parte de um fluxo específico do negócio, comprometer operações.

  7. Server Side Request Forgery (SSRF): URLs informadas por um consumidor podem levar a eventuais ataques, ocorrendo devido a falhas na validação dos dados fornecidos em um payload.

  8. Security Misconfiguration: Configurações inadequadas, levando a vulnerabilidades de segurança (senhas default, CORS implementado de forma incorreta, mensagens de erro “verbosas”...).

  9. Improper Inventory Management: Endpoints de versões antigas podem permanecer disponíveis, fornecendo assim brechas para outros tipos de ataque.

  10. Unsafe Consumption of APIs: Integrações sempre estão presentes em projetos corporativos, com APIs de terceiros podem ser uma porta de entrada para ataques.

Para conhecer mais em detalhes esta lista acesse: https://owasp.org/API-Security/editions/2023/en/0x11-t10/

Uso de Firewalls

Os firewalls de aplicação web (WAFs) são ferramentas essenciais para a proteção de APIs REST. Eles monitoram, filtram e bloqueiam tráfego HTTP malicioso, protegendo contra uma variedade de ataques, incluindo injeção de SQL, XSS (Cross-Site Scripting) e DoS. Implementar um WAF pode fornecer uma camada adicional de segurança, monitorando o tráfego em tempo real e aplicando políticas de segurança.

CORS (Cross-Origin Resource Sharing)

CORS é um mecanismo que permite que recursos restritos em uma página web sejam solicitados de outro domínio fora do domínio a partir do qual o recurso foi servido. Para evitar ataques como o Cross-Site Request Forgery (CSRF), é crucial configurar CORS corretamente, permitindo apenas origens confiáveis para acessar os recursos da API.

API Keys

As API Keys são tokens exclusivos utilizados para autenticar chamadas a uma API. Elas ajudam a controlar o acesso, identificar o tráfego legítimo e monitorar o uso da API. No entanto, é importante lembrar que as API Keys devem ser mantidas seguras e nunca incluídas diretamente no código do cliente ou em URLs públicas. Além disso, é recomendável rotacionar as chaves periodicamente e usar métodos de autenticação mais robustos, como OAuth, sempre que possível.

API Gateways em APIs REST

Os API Gateways como o Azure API Management (APIM) desempenham um papel fundamental na arquitetura de APIs REST, atuando como intermediários que oferecem uma série de funcionalidades essenciais para segurança, gestão e desempenho das APIs. Aqui estão alguns aspectos importantes:

Autenticação e Autorização:

  • API Gateway: Centraliza a autenticação e autorização, garantindo que somente usuários e aplicações autorizados acessem as APIs. Pode integrar-se com serviços de identidade como Azure AD B2C para autenticar usuários.

  • Benefício: Simplifica a gestão de credenciais e políticas de acesso, permitindo controle centralizado e consistente sobre quem pode acessar o quê.

Rate Limiting e Throttling:

  • API Gateway: Implementa mecanismos para limitar o número de solicitações que um cliente pode fazer em um determinado período. Isso ajuda a proteger contra ataques de negação de serviço (DoS) e uso abusivo das APIs.

  • Benefício: Garante a disponibilidade do serviço para todos os usuários e previne que um único cliente sobrecarregue o sistema.

Monitoramento e Logging:

  • API Gateway: Coleta logs detalhados e métricas sobre o uso das APIs, fornecendo insights valiosos para monitoramento de desempenho e segurança.

  • Benefício: Facilita a detecção de padrões suspeitos, identificação de falhas e auditoria de acesso.

Transformação de Requests e Responses:

  • API Gateway: Pode modificar solicitações e respostas, adicionando cabeçalhos de segurança, formatando dados ou até mesmo agregando informações de diferentes serviços.

  • Benefício: Flexibiliza a integração entre diferentes serviços e clientes, garantindo conformidade com padrões de segurança e formato de dados.

CORS Management:

  • API Gateway: Gerencia as políticas de Cross-Origin Resource Sharing (CORS), controlando quais domínios podem acessar as APIs.

  • Benefício: Protege contra ataques Cross-Site Request Forgery (CSRF) e permite controle granular sobre o acesso entre diferentes origens.

Integração com Soluções de Segurança como Azure AD B2C

A Azure Active Directory B2C (Azure AD B2C) é uma solução de gerenciamento de identidade e acesso que permite a autenticação segura de usuários em aplicativos e APIs. A integração com um API Gateway oferece várias vantagens:

Autenticação Centralizada:

  • Azure AD B2C: Centraliza a autenticação e autorização, garantindo que somente usuários e aplicações autorizados acessem recursos protegidos.

  • Benefício: Simplifica a experiência de autenticação para os usuários e aplicações, reduzindo a complexidade de gerenciamento de credenciais.

Políticas de Segurança Configuráveis:

  • Azure AD B2C: Permite configurar políticas de segurança detalhadas, como autenticação multifator (MFA) e regras de senha.

  • Benefício: Aumenta a segurança das APIs ao garantir que apenas usuários e aplicações devidamente autenticados e autorizados possam acessar os recursos.

Considerações Finais

Garantir a segurança das APIs REST envolve uma abordagem multifacetada, incluindo práticas de codificação seguras, configuração adequada de servidores e a implementação de controles de acesso robustos. É essencial estar sempre atualizado com as últimas vulnerabilidades e tendências de ataque, bem como seguir as melhores práticas de segurança recomendadas pela indústria, como as diretrizes da OWASP. Com uma abordagem proativa e bem-informada, é possível minimizar os riscos e proteger eficazmente as APIs REST contra ameaças cibernéticas.

Os API Gateways (como Azure API Management) e as soluções de segurança (como Azure AD B2C) são componentes essenciais na construção de APIs REST seguras e escaláveis. Eles oferecem funcionalidades críticas que ajudam a proteger contra uma variedade de ameaças, desde ataques de negação de serviço até acessos não autorizados. Integrar esses componentes permite às organizações fornecer uma experiência de usuário segura e eficiente, ao mesmo tempo em que protegem seus recursos e dados contra acessos não autorizados e ataques cibernéticos.